domingo, 11 de enero de 2009

Parto natural: as melhores boas-vindas ao bebê

Completado o desenvolvimento no ventre materno, o feto está pronto para atravessar o canal de parto, rumo ao mundo exterior. Para sua tranqüilidade, toda a parturiente deve conhecer o mecanismo do 'parto e saber como ele se inicia. Afinal, nesse momento o trabalho é realizado por mãe e filho, num ato de amor que envolve apenas os dois - o médico ou parteiro estão ali apenas para ajudar.
A fim de poder contribuir de forma ativa e harmoniosa para a chegada de seu filho, é importante que a futura mãe saiba exatamente o que vai acontecer com o seu corpo e quais são as etapas pelas quais ela e o bebé vão passar. Sem segredos nem surpresas, a experiência do parto tem rudo para ser um instante de integração sublime entre ambos.
Podemos dividir o parto em três períodos: o primeiro e o mais longo é aquele em que o útero se dilata para dar passagem ao bebê; o segundo é o da expulsão ou saída do bebê: o nascimento; e o terceiro, aquele em que a placenta é expelida, saindo do corpo da mãe.
A dilatação do útero o bebê é empurrado para o mundo exterior graças às enérgicas contrações do útero. O "motor" que abre o útero e empurra o bebê para fora é a contração: cada vez que uma dessas 'ondas se espalha pelo órgão a criança é empurrada para baixo e comprime colo uterino, forçando sua abertura.


Clinicamente, considera-se iniciado o trabalho de parto quando começam a ocorrer contrações uterinas regulares e freqüentes, sentidas pela gestante. Gradualmente, elas se tornam mais e mais freqüentes, intensas e demoradas. No início do trabalho de parto costumam ocorrer cada 10 minutos, e duram 30 segundos; no final chegam a ocorrer cada 2 minutos, durando 1 minuto.
Com as contrações, o colo do útero vai ficando mais fino e se abre progressivamente. Rompese então a bolsa das águas. Durante esse processo o bebê vai descendo, empurrado pelas contraçoes, e roda como um parafuso. Com tal movimento ele atravessa toda a bacia materna. Na fase final da dilatação as contraçoes ocorrem cada 2 ou 3 minutos e a abertura do colo já é de cerca de 10 centímetros, o suficiente para a passagem da cabeça e do corpo do bebê.
A duração deste primeiro período varia muito, pois depende da força das contraç6es e resistência do colo. Se as contraçoes são fortes e o colo é pouco resistente, o penado será mais curto; se as contrações são fracas ou o colo é muito rígido, vai demorar mais. Em geral, no primeiro parto o colo é mais resistente, e por isso esta primeira fase dura mais. A tensão pode enrijecer o colo e tornar sua abertura mais difícil; uma parturiente calma e segura, psicologicamente preparada, contribui para encurtar seu próprio trabalho de parto.



A saída do bebê

A esta altura do trabalho de parto o bebê já ultrapassou os maiores obstáculos ao seu nascimento - a bacia materna e o colo uterino. Nesta fase ocorre uma animação psicológica, pois a gestante pode sentir o progresso da criança através do canal vaginal. A mulher percebe que está vencendo as dificuldades e um novo elemento entra em jogo: o impulso instintivo de assumir posição mais favorável, com as pernas dobradas e separadas. As contraçoes se tornam muito freqüentes e a parturiente sem perceber contrai os músculos do abdome, o que ajuda a expulsão. A musculatura uterina e abdominal fazem a maior parte do trabalho, e cada nova contração a cabeça do bebê pressiona mais a vagina.


Quando entra no período de expulsão, a parturiente é levada para a sala de parto. O ideal é que o ambiente transmita tranqüilidade: iluminação suave, pessoas falando em voz baixa. Esta fase é muito mais curta que a anterior: dura apenas minutos, pois as contraçoes são fortes, o colo já está dilatado e a resistência da vagina é mínima.



Nesse momento a futura mãe deve escolher a posição em que se sentir mais confortável: pode ficar meio senda (as mesas de parto modernas permitem isso) ou então 'apoiada numa almofada ou no marido. Melhor ainda é ficar ajoelhada ou de cócoras; já a pósição deitada é a que menos favorece a expulsão do bebê. O importante é que a parturiente tenha liberdade de se movimentar e ajudar o parto, cooperando voluntariamente com as contraçoes involuntárias do útero.


A vagina não constitui um entrave para o parto: é um canal de paredes elásticas, capaz de distender-se sem dificuldade para a passagem do bebê. No momento final do parto, chamado "coroamento", a mulher deve relaxar o períneo, para evitar sua ruptura. O médico sustenta a cabeça do bebê com a mao esquerda para impedir que ela se desprenda repentinamente, o que pode causar lesões nos vasos cerebrais. Com a mão direita, usando o polegar e o indicador e wn pedaço de gaze, o médico aperta o períneo, enquanto a cabeça do bebê sai aos poucos.


A parturiente faz a respiração superficial ou arquejante, como a de um cachorro cansado, para que o obstetra possa girar a cabeça do bebê e aco¬modar os ombros. Logo depois, a mulher deve empurrar novamente, para que saia primeiro o ombro que está mais alto, depois o outro, e fi¬nalmente o restante do corpo. E a mãe, aliviada e feliz, sabe que terminou o período expulsivo do parto.


A expulsão da placenta

Tecnicamente, o parto não termi¬na com o nascimento da criança: li¬gada à outra extremidade do cordão umbilical está a placenta) que tem de ser deslocada da parede uterina e ex¬pelida. Esse período final do parto é a dequitação - que começa ao ser seccionado o cordão mnbilical e ter¬mina com a expulsão da placenta.


Para a parturiente, este é o período mais fácil de todo o processo. O colo do útero completamente dilatado não oferece nenh um obstáculo à passagem da placenta, de consistência mole e muito menos volumosa que a criança. O processo, portanto, é rápido - dura cerca de 15 minutos. Não se deve puxar o cordão umbilical para apressar a saída da placenta; no máximo, o médico pode fazer uma ligeira torção da parte da placenta que se apresenta pelo canal de parto.
A pós a dequitação, o útero inicia seu processo de involução e de recuperação. No início a emissão de sangue é abundante, mas passadas algumas horas o sangue se torna escasso para dar lugar a uma secreção serossanguinolenta e depois serosa amarelada nos dias que se seguem ao parto.
Logo após o parto, e també'm durante as primeiras horas que se seguem, são comuns as cólicas e os espasmos uterinos, conseqüência das contraturas que esse órgão sofre.